A fotografia como idéia. O clichê de que todo bom fotógrafo é aquele sujeito que, dotado de um olhar “genial”, recorta uma possível realidade, é ironicamente apresentado nas fotografias de Marcos Gorgati. Se há, em nossos dias, uma banalização das imagens do cotidiano e, mesmo, uma redundância/excesso das imagens apresentadas, Gorgati reinventa com seu olhar construtivo e desconcertante a mesma “realidade” que enxerga nas paisagens urbanas; mostrando “aquilo que não está” na imagem fotografada, construindo uma nova imagem.
Nesse espaço construído, como sugere o próprio artista, no modo como nomeia esses trabalhos “Paisagens e outras idéias construídas” há uma possível filiação com a idéia de construtividade, no tratamento formal de sua composição como em “Prédio no centro”, “Escada”. Assim como, o de “Arte como idéia” em “Percurso/ O fio de cabelo”, que traz para o trabalho de Gorgati uma íntima relação com os conceitualismos das décadas de 1960 e 70.
Pensar a fotografia apenas como uma idéia da realidade não é nenhuma novidade. Mas o que surpreende nos trabalhos de Marcos Gorgati é a sua capacidade em sugerir esta idéia, ironizando o clichê, construindo e desconstruindo paisagens e idéias. Faz o recorte consciente de uma imagem já registrada e reinventa aquilo que julgamos ser o real.
Por isso, Marcos também faz o caminho inverso. Se numa foto acrescenta elementos e justapõe idéias, em outra, como em “Desfotografar”, vai do máximo ao mínimo da imagem, até a sua aparente invisibilidade.
Enfim, a fotografia como idéia em Marcos Gorgati é a busca “daquilo que não está”, “daquilo que não se vê” como representação. Uma idéia construída.
Um comentário:
Boa tarde.
Trabalho no SESC Santo Amaro e teremos um curso de fotografia com Marcos Gorgati, para que o público tenha referência de seu trabalho incluimos o link de seu artigo em nosso post do facebook.
Segue o link: http://www.facebook.com/pages/SESC-Santo-Amaro/269882169703898
Obrigada.
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